segunda-feira, 26 de abril de 2010

A brilhar


Era intrigante amar aquele homem: seu sorriso me consumia, seu mistério me aproximava. Todo esse jogo que eu teria de participar servia como combustível para essa paixão meio real, meio inventada. Não tinha medo, apesar de preferir manter oculta a maioria dos pensamentos, delírios e intenções que a mim eram cabidos naquele momento. Ele me olhava e quase sempre seus olhos brilhavam - era mágico, fantástico. Eu o desejava tanto. Esse era o meu segredo. Eu tentava escondê-lo de mim. Não queria mais falar, as palavras me confundiam muito. As suas principalmente. Meus olhos fugiam de você.. Eu não queria mais viver a aventura que não começou. Mas, eu queria também! E, nessa loucura eu tive que me entregar ao destino. Logo, eu tão cheia de certezas. Justo eu que tenho medo de tudo. Tive de venerar o incerto e a ele me entregar, pois ele é minha chance de você.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

é só o começo....



Decidir falar deste amor era abrir um livro velho. O cheiro úmido me tonteava, me impedia de respirar; as páginas amassadas e amareladas confundiam toda a história escrita; e o meu coração se apertava a cada palavra lida. Mas, era necessário.
(...) Vorazes, esses momentos, agora revividos me sucumbiam estranhamente a um princípio de existência. Uma força submersa em mim, e, até agora desconhecida, que me fazia querer destrinchar ainda mais aquelas lembranças. Eu ia ver cada minúcia, não importavam as chagas ou o peso: eu carregaria, eu suportaria - Era necessário. Era preciso que houvesse um encontro entre o dito, o vivido e o sentido – e teria de ser agora. Não podia continuar com aquela sub-existência. Não ela, Clarice.

domingo, 11 de abril de 2010

Multifacetada


E dizia que eu exigia demais por querer-te só meu. São muitas mulheres em mim para te dividir com outras também.

sábado, 10 de abril de 2010

Fluxo

É a vida de novo, com seus altos, com seus baixos, com as pessoas passando, com o mundo girando. É chorar e é sorrir. Principalmente sorrir. É estar sozinha, é estar com alguém, com alguéns. É amar e não ser amado, é ser amado e não amar, é amar e ser amado. É querer mais, sempre um pouco. É acreditar que pode ser melhor, que vai ser, é querer mudar o tempo todo, não porque está ruim, e, sim porque pode ser melhor. Tudo pode ser melhor, até a felicidade mais plena pode ser melhor, e será. Tudo será, do jeito que eu quiser. Não ficar parado é regra, quem se acomoda um dia cai. Ter pulgas na cadeira, ter remelexo no quadril. Sambar, sem saber sambar. Fazer o que não se pode, não se deve. E não se arrepender de nada, jamais. A todos peço desculpa se fiz algum mal, perdôo também todos erros humanos. Mas hoje, meu bem, quero saber mais de mim!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Itacoatiara


De uma época muito boa.


Sabia que ali havia muito mais do que se poderia explicar, algo que nunca seria compreendido. Não era compreender, era sentir. E ela sentia. Muitas vezes faltavam palavras, mas nunca sensações. A felicidade se espalhava pelas veias, enquanto aos poucos deixava de ser Amanda. Ela era uma, virou vinte, virou milhões, virou Ele. Dentro do seu coração o mundo queria sair, queria expludir, tanta gente não cabia em si. Exalava o que havia de melhor, e aspirava todos os amores do mundo. O corpo já não era seu há muito tempo, mas agora distribuia sua alma também, e ria. Estava sendo feliz.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

'Decifra-me ou te devoro'


Um dos meus devaneios preferidos.



Naquela noite não haviam estourado fogos de artifício no céu, não haviam brotado lágrimas de felicidade em seu rosto, mas, era um dia único, era um momento especial, era carne e só. A celebração do prazer. O amor viria mais tarde. Entre corpos que arfavam e corações que palpitavam a vida mostrava-se surpreendete de novo, depois de tantos encontros e desencontros. Depois de tantos casos e acasos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Preciosas, semi-preciosas e únicas.



Como um lapidário, a lição mais difícil que Yamê apredera era a de distinguir pedras com valor e sem. Algumas pedras mostravam seu brilho de longe, e, sem precisar de nenhum toque, como se já fossem pré-fabricadas por sei-lá-quem - Deus talvez -, elas já estavam prontas para serem vendidas, usadas, amadas. Outras, mutáveis ao mínimo trabalho, desabrochavam, ganhavam forma. Algumas que eram mais resistentes demandavam carinho, atenção, dedicação e minúcia - mas, no final muitas vezes ficavam as mais deslumbrantes de todo o mercado. Por fim, e agora com o seu coração lapidado, tivera que se acostumar que um número significativo de pedras, porém, não aceitava o toque, não queria ser 'fabricado', e, nunca teria o valor que ela buscava. Não importa o que fizesse, os produtos que usasse, ou, o quão boa ela se considerava, seriam sempre pedras selvagens, brutas: era melhor esquecê-las ou ver a singularidade que nelas existia como um novo tipo de beleza.