terça-feira, 14 de dezembro de 2010

- Vo-você sabe... hum... eu gosto muito de você.
A frase veio com um tintilar nos seus ouvidos, a água da piscina congelou paralizando suas pernas, o senho se franziu, a boca se calou. Ouviu um eco dentro de si repetindo a frase interminavelmente, e, de nervoso sorriu. Sorriu, sorriu despreocupadamente, pois não conseguia mais nada fazer. Queria dizer gosta como de mim? Queria saber se podiam ser amigos, irmãos, amantes, namorados, esposa e marido, passado, presente ou futuro... Mas sorria, e, do sorriso fez um abraço que se calou num beijo. Beijo bom que em muitos outros contos de fada seriam o símbolo do final feliz, mas, que naquela história apenas coroava o final de mais um capítulo, ainda muito longe do viveram felizes para sempre.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Final Feliz


Esperou o telefone tocar, esperou ouvir sua voz, esperou uma serenata, a porta sendo esmurrada, sua voz gritando seu nome... esperou tanto e por tantas coisas que acabou caindo no perigoso mundo dos sonhos. Teve um sonho bom, mas era pesadelo. Era ele ali, mais real do que nunca, era tudo o que ela queria. Porém, era tão idealizado que o sonho se corrompia, virava lágrima cor fúcsia caindo do olho. Era irreal, irreal. E, então acordou com uma gota caindo olho, transparente que só, verdadeira. E, não foi só a lágrima que nasceu do sonho-pesadelo. Sua mente formara uma certeza! Levantou-se da cama, arrumou-se para a guerra... Era a batalha do amor.

Ele não a esperava, muito menos assim tão pura, crua e tranqüila. Seu cabelo loiro irradiava algo novo que não conseguia decifrar, e, sua face trazia também o mistério. Era impossível não querê-la. Contudo, ele estava sendo forte. Ambos haviam concordado em esperar o tempo certo, e sabiam que este ainda não havia chegado. Seu coração palpitou feliz com a sua presença ali - era bem verdade que ele não aguentava mais toda a angústia da espera, o tic e tac do relógio que nada fazia a não ser regredir as horas - mas, sua mente se fechou em temporal. Não podiam corromper seus destinos, não podiam precipitar a vida, ainda não estavam preparados.

- Joana, volte para casa por favor. Disse Rudah educadamente, mas tentando não refletir os desejos que se intensificavam pouco a pouco em seu corpo.
- Não vou voltar. Eu não quero que isso vire um sonho.
- Nós somos um sonho - disse o homem um pouco confuso - ,quanta gente quer ser sonho como nós... Fomos feitos para ser e um dia seremos... você sabe que esta não é a hora... Não vamos estragar nosso destino com...
- Nosso destino? A culpa é do Destino? - Retrucou Joana com sede de Vitória deixando mudo não só o Ruda, mas todo o bairro do Jardim Botânico, quissá todo o Rio de Janeiro - Você não acha que deveríamos agradecer a ele por termos nos conhecido? Uma borboleta poderia ter cruzado o meu caminho, e, eu nunca teria visto sua face. Você poderia ter torcido o pé ou ter tido uma maldita amidalite naquela semana... mas, não. O Destino foi generoso conosco. Nos conhecemos, tivemos tantas chances, aproveitamos a quase todas. E, ainda naquele tempo quando éramos pequenos embriões de nós mesmos, o Destino na sua sagacidade soube nos separar e nos reaproximar das maneiras mais inusitadas possíveis. Esse destino que você diz que devemos preservar eu desconheço, pouco sei de amanhã. E, não vou mais esperar que isso vire um conto de fadas. Contos de fadas não são reais, são histórias que contamos para os nosso filhos. Eu não quero ter de contar sobre você para os meus filhos com o coração apertado e um sorriso hipócrita no rosto... Eu não quero filhos meus, que não sejam nossos.

Ouve uma pausa nas falas, no olhares, na respiração... Nem o coração ousou bater. O silêncio foi tão profundo que a vida se perdeu, e então como em contradição, fez sentido e explodiu em rios de pensamentos. As cabeças de ambos borbulhavam, as bocas ameaçavam longos discursos empolgados que justificassem seus pontos de vista nada importantes naquele minuto, as mãos simulavam o toque e logo se recolhiam, os olhos buscavam o outro, mas se escondiam se desencontrando numa dança do desacaso. Joana, não havia percebido, mas ela acabara de ser a borboleta batendo as asas e mudando o rumo das coisas. Ruda não teve a mesma coragem e gagejou inseguro:
- Se ficarmos juntos agora, vamos acabar com isto. Nunca seremos o casal que podemos ser.
- Se hoje não for nosso dia, minha imaginação corromperá cada pensamento meu que envolva você. E, eu farei tantos planos, que a realidade nunca será o suficiente para que sejamos felizes. Sei que corremos o risco. Mas, temos de corrê-lo, ou poderá ser tarde demais e vamos viver, preparados, uma vida inteira juntos alimentados pelo que poderíamos ter sido e não fomos. Esta na hora de deixar o Destino conduzir isso de verdade, e isso implica em grande riscos. Vamos pular, tem uma coisa que me faz ter certeza de que este é o momento... Eu te amo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Encontrou-se em uma encruzilhada bem estranha, esquisita. Estava frente a frente com seu destino e tinha de decidir agora qual seria o caminho certo a seguir. Tantas vezes teve de tomar decisões, tantas vezes quis trocar as palavras ditas, as músicas ouvidas, os lugares visitados. Era uma benção poder viver o que ela havia vivido, ela sabia. Poucas pessoas realmente conhecem o amor. Mas, - agora um relâmpago forte iluminou sua mente - ia seguir um caminho diferente, era tempo de ser regida por algo mais. O amor era mais que suficiente, mas ela era insaciável... ela precisava seguir por uma estrada nova, ela precisava conhecer TODOS os seus limites.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É real.


‎"... Que em dez anos mais, tu e eu... Estaremos bem juntinhos...E nos cantos escuros do céu falaremos de amor..."

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Quero dar ao César o que é do César. Eu sou sua, meu bem. Vem que nosso tempo é finito, e, bem curto por sinal. Vem que eu já lembrei teu nome, tua face, tua boca. Vem que eu estou pronta e não quero mais desencontros. Vem que eu já desenhei nosso futuro de mistérios e segredos desvendados, de roupas no chão e cabeça no ar. Vem que esse delírio é real e tenho medo de dormir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aos poucos


Você sabia que meu olho é mar fundo e que a correnteza logo leva. Minha maré não é calma. Nem em seus braços a água baixava, era sempre esse tremular, tremular... tremular que do nada se revolvia. Você já sabia que dentro de mim era fácil de se perder, de se afogar. Mas, não me escondas – tu nunca me escondeste – querias justamente isso. Tão centrado, tão sério, tão sóbrio. Era preciso de um pouco de cor, um pouco de luz, e o amor – com toda sua perdição – é o único sentimento capaz de salvar uma alma do céu precoce.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

1538


Então eu vi teus olhos. Foi a primeira vez que te reconheci, um homem que mudaria tudo, um homem que mudaria o mundo, o meu pelo menos. ‘César’ - você disse. César é teu nome, acabo de me lembrar e é como um êxtase. É real, é real. Corre para ouvir, liga a TV e assiste, vai à banca e lê na revista: é real. Tu te chamas César e impera a minha vida. Quando disseste teu nome, não foi preciso explicação, quantas vidas passamos ensaiando aquele momento? ‘Amor eu sou Cleópatra e também tenho os meus mistérios.'

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Você

Bebo mais um gole para acalmar os pensamentos. E, eles se rebelam, não gostam de ser apaziguados, e, como em um ataque kamikaze explodem um a um irradiando questionamentos do mundo. E, o mundo ouve a minha pergunta? Deus ouve a minha súplica? Pai, estou cansada, quero um pouco de paz, me mostra o caminho. Esse livro era pra ser um romance, então, por que eu choro enquanto escrevo?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

. ...

Por mais dolorosa que fosse a passagem pela porta, ela teria de fazer a travessia. E, por saber do seu destino se permitiu olhar uma última vez para o quarto, para seu rosto, para a vida que poderiam ter partilhado. E, lhe escreveu então, qualquer coisa sem sentido, para tornar daquele um momento mais nobre. Despedidas são sempre cheias de dor, mais cheias de glórias. Viu em seus olhos algum brilho refletir o amor que ainda sobrevivia ali. E, ficou segundos, anos, uma eternidade com aquela pergunta na cabeça: "haviam sido reticências ou um ponto final?".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Avatar...


Foi então que uma pergunta se formou - envergonhada no começo, mas capiciosa, como quase todos seus delírios. "É real?" Era verdade aquilo que vivia? Era verdade aquilo que sentia? Eram reais as leituras de olhos, e, dedos, e, bocas? Cutucou-se uma vez, mas, de nada adiantou. Fez então força para chorar, não aguentava mais todo esse soco no peito. Mas, a lágrima não caiu, e, a aflição fez que aumentou. Em sua cabeça um milhão de falas cortadas, um milhão de sonhos roubados, um milhão de vezes você. E, você estava bem ali. Foi ai que pode respirar. E, enfim piscou os olhos. Sentiu a mão amaciar seus cabelos, entrelaçar seus dedos, prender sua alma. E, como se já soubesse, demorou um pouco mais para abrir os olhos. Ouvia músicas em repetições intermináveis, via os anos correrem, via você. E, quando abria os olhos já não via mais...

domingo, 22 de agosto de 2010

Amor


Era água a correr. Podia sentir, podia beber, podia até se embriagar. Podia se molhar, se perder, sentir frio, se afogar. Era real, podia ver, tocar e até guardar. Mas, era impossível conter, impossível segurar, impossível fazer seu. Não conseguia mudar o rumo do rio, por mais que tentasse. Era mais fácil mudar seu rumo. As vezes se jogava e deixava-se ir... e ia indo, indo, indo. E, quando fincava os pés na terra - já não sabia aonde estava. Muitas vezes preferia não saber, outras se desesperava, as vezes não achava a terra para fincar o pé... Queria subir, voltar para a margem, voltar para a casa... mas, o rio era forte e a arrastava. E no menor toque das águas, que sempre vinham renovadas, ela se joagava... ela ia indo...indo... indo... como se voasse na água.

domingo, 15 de agosto de 2010

a Vilã


Um pensamento quase sombrio perambulava pela sua cabeça, as vezes tentava escondê-lo, esquecê-lo. Mas, o mínimo relampejar de novos fatos o tornava ainda mais forte, vivo, quase dominante. Ela realizava que teria de ser vilã também. Ela teria de ser a odiada, a errada, para que ele pudesse provar do veneno, para que ele tivesse de perdoar. Pelo menos uma vez eles trocariam de papel nesse romance meio perdido que ainda encenavam.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Não!!!!


"Não!" - se libertou de repente. Porque 'não' não era palavra dita, era sentimento criado, vivido. Era energia flutuando no ar, destruindo paredes, rompendo barreiras, acabando com o velho e óbvio. "Não" era tudo o que sentia agora. E, ainda assustada repetiu: "não...", mas dessa vez já liberta, já curada, falou baixinho, sem pressa de nada, quase um sussurro. Repetiu mesmo só para ter certeza de que podia pronunciar tal palavra de novo. Pelo menos uma vez na vida ela iria mostrar quem manda em quem... e num sobressalto - sem nem terminar o raciocínio - ela percebeu que não mandava nele. Ela obedecia, sempre foi assim e para sempre seria. Quando ela parava, ele continuava insistente, teimoso. Mas, se ele parasse, ela teria de parar também. E, quando ela, moleca, queria contrariar - ah! só o tédio a acompanhava. Mas, se decidisse o seguir, dedicada, a felicidade vinha também! 'É verdade' - ela pensou e um sorriso escapou pelo canto da boca. Se percebia escrava, nascera assim. Mas hoje, afirmou para si, hoje ela havia dito um "não". Pelo menos dessa vez seu coração teria de lhe deixar mandar.

sábado, 17 de julho de 2010

Depois do horizonte...


Naquele dia o ar estava denso, difícil de ser consumido, pesado ao entrar nos pulmões. Era tão simples respirar, era tão simples viver... não hoje! Acreditava em destino, missões, caráter... acreditava em tantas coisas perdidas que se sentia sozinha. E, não queria mudar. Não queria se mudar. Então surgia uma idéia quase genuína, surgia uma inspiração: "vou mudar o mundo, vou viciar todos em amor". E, esse era seu objetivo na vida. Dar amor, distribuir. E, como era difícil. Muitos tinham medo, não tinham interesse, muitos nem sabiam do que se trata. Amor é palavra escondida, pouco explorada. Amor é depois do horizonte. Muitos preferem ficar na praia. Tendo o seguro, o confortável. O amor é perigoso é preciso que se enfrete o mar, é preciso que venham as tempestades e também as calmarias. É preciso que se entedam as cores, a temperatura e a quantidade de espuma. Há intensidade, felicidade, e, isso fere. Mas, ela não receava, estava entregue.E, a lição mais difícil ainda não havia sido dada: como uma devastadora ela adentraria corações que teriam caminhos abertos pelas suas mãos, mas não cabia a ela fincar acampamento nestes. Ela prepararia o solo, germinaria a semente e partiria. Deixando em cada fruto, em cada grão, seu toque, sua face, seu sorriso.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pinga


Bastavam algumas gostas e aquele era um mundo novo. Podia ser doce, atalcado, amadeirado, fresco, palahaço, ange ou demon. Podia ser seu corpo, ou mesmo uma montanha russa. Bastavam algumas gotas e se sentia vestida, se sentia mais forte, se sentia pronta. Bastavam algumas gotas e era um amor do passado, a avó ao seu lado, a roupa lavada, a comida na mesa. Bastavam algumas gotas e era sábado a noite, domingo na igreja, a sua melhor amiga. O teletransporte líquido, a memória em conta-gotas, o spray de alegria... bastavam algumas gotas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cadê?


Sobre a propriedade com que falo da vida, como se fosse minha. Como se já houvessem outras vidas na minha memória, no meu olhar, nos meus comentários. Aos poucos fui deixando o preconceito, aos poucos fui deixando os julgamentos. Quis entender, quis saber, quis estar lá. E, tive de estar lá para compreender, para sentir dor quando julgo instintivamente. Tive que ver que era real, e que era possível. Mas, era só a vida.. e eu não sabia de nada. Todos me procuravam por respostas, o que ninguém sabia, era que eu me procurava também....

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Don't take me home.


Quem sou? - perguntava-se inúmeras vezes. Era difícil se saber, ainda mais nesse mundo a que não pertencia. Era um mundo estranho aonde tudo mudava. Sua roupa encolhia, o sapato apertava, as pessoas se tornavam tediosas, o sol virava nuvem... nuvem preta de chuva. E, ao seu redor ninguém via. Ninguém via nada, nada além do que se quer. A realidade era pura imaginação. Mas cadê a minha? Quero ser Alice! - ela pensava. Mas, continuava a ver o bruto das coisas, a vida sem vida, o tempo, a passagem. E, nada de importante acontecia... Ela precisava de algo que mudasse esse olhar, e, isso era fantasia. Mas, tudo era real demais. Real demais. Real.

terça-feira, 1 de junho de 2010

É sede de se embebedar...


E ela a sorrir. Com a boca, cheia de dentes, sorria. Era a felicidade em forma de carne. Dentes brancos, retos, a mostrar-se, sorrindo. Não ria da vontade que ele transparecia porque essa, ela bem sabia, passa. Mas ria da súbita falta de desejo por ele. Ria por finalmente saber quem ele era, um anjo de asas quebradas, um poço de perdição. Mas agora? Agora tudo o que se ouvia eram as suas gargalhadas. Gargalhava daqueles olhos que a fitavam, da boca que sentia sede dela, daquele que ia morrer querendo mais.*

terça-feira, 25 de maio de 2010

Chá da Clarice


Com todas as drogas do mundo, não queria onda nenhuma sem ser essa. A de ler um livro da Clarice, e, ter a certeza de que em algum lugar do mundo, em algum tempo, alguém me entendeu e se sentiu como eu.


Por ela:
Parece com momentos que tive contigo, quando te amava, além dos quais não pude ir pois fui ao fundo dos momentos. É um estado de contato com a energia circundante e estremeço. Uma espécie de doida, doida harmonia. Sei que meu olhar deve ser o de uma pessoa primitiva que se entrega toda ao mundo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Primeiros passos


Era só o começo... Mas, do começo vinha tudo. A vida, A felicidade e O fim. Tudo existia e era culpa do começo. Sabia que o amanhã era fruto do hoje, e, sentia-se terrivelmente mal. Pois, este era o começo - o começo de quê? Ela não sabia. Não sabia, não sabia de nada. Eram sempre perguntas sem respostas. Perguntas. Perguntas. Perguntas? Estava cansada demais para responder, para descobrir... Ela ia começar, começar o que não se sabe, terminar com quase tudo. Ela ia fazer algo, antes que mais nada pudesse fazer. Se só pudesse perguntar, ela passaria a vida inteira se questionando, questionando aos outros, questionando até a Deus se preciso. Ela ia viver antes que isso também estivesse no fim.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A brilhar


Era intrigante amar aquele homem: seu sorriso me consumia, seu mistério me aproximava. Todo esse jogo que eu teria de participar servia como combustível para essa paixão meio real, meio inventada. Não tinha medo, apesar de preferir manter oculta a maioria dos pensamentos, delírios e intenções que a mim eram cabidos naquele momento. Ele me olhava e quase sempre seus olhos brilhavam - era mágico, fantástico. Eu o desejava tanto. Esse era o meu segredo. Eu tentava escondê-lo de mim. Não queria mais falar, as palavras me confundiam muito. As suas principalmente. Meus olhos fugiam de você.. Eu não queria mais viver a aventura que não começou. Mas, eu queria também! E, nessa loucura eu tive que me entregar ao destino. Logo, eu tão cheia de certezas. Justo eu que tenho medo de tudo. Tive de venerar o incerto e a ele me entregar, pois ele é minha chance de você.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

é só o começo....



Decidir falar deste amor era abrir um livro velho. O cheiro úmido me tonteava, me impedia de respirar; as páginas amassadas e amareladas confundiam toda a história escrita; e o meu coração se apertava a cada palavra lida. Mas, era necessário.
(...) Vorazes, esses momentos, agora revividos me sucumbiam estranhamente a um princípio de existência. Uma força submersa em mim, e, até agora desconhecida, que me fazia querer destrinchar ainda mais aquelas lembranças. Eu ia ver cada minúcia, não importavam as chagas ou o peso: eu carregaria, eu suportaria - Era necessário. Era preciso que houvesse um encontro entre o dito, o vivido e o sentido – e teria de ser agora. Não podia continuar com aquela sub-existência. Não ela, Clarice.

domingo, 11 de abril de 2010

Multifacetada


E dizia que eu exigia demais por querer-te só meu. São muitas mulheres em mim para te dividir com outras também.

sábado, 10 de abril de 2010

Fluxo

É a vida de novo, com seus altos, com seus baixos, com as pessoas passando, com o mundo girando. É chorar e é sorrir. Principalmente sorrir. É estar sozinha, é estar com alguém, com alguéns. É amar e não ser amado, é ser amado e não amar, é amar e ser amado. É querer mais, sempre um pouco. É acreditar que pode ser melhor, que vai ser, é querer mudar o tempo todo, não porque está ruim, e, sim porque pode ser melhor. Tudo pode ser melhor, até a felicidade mais plena pode ser melhor, e será. Tudo será, do jeito que eu quiser. Não ficar parado é regra, quem se acomoda um dia cai. Ter pulgas na cadeira, ter remelexo no quadril. Sambar, sem saber sambar. Fazer o que não se pode, não se deve. E não se arrepender de nada, jamais. A todos peço desculpa se fiz algum mal, perdôo também todos erros humanos. Mas hoje, meu bem, quero saber mais de mim!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Itacoatiara


De uma época muito boa.


Sabia que ali havia muito mais do que se poderia explicar, algo que nunca seria compreendido. Não era compreender, era sentir. E ela sentia. Muitas vezes faltavam palavras, mas nunca sensações. A felicidade se espalhava pelas veias, enquanto aos poucos deixava de ser Amanda. Ela era uma, virou vinte, virou milhões, virou Ele. Dentro do seu coração o mundo queria sair, queria expludir, tanta gente não cabia em si. Exalava o que havia de melhor, e aspirava todos os amores do mundo. O corpo já não era seu há muito tempo, mas agora distribuia sua alma também, e ria. Estava sendo feliz.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

'Decifra-me ou te devoro'


Um dos meus devaneios preferidos.



Naquela noite não haviam estourado fogos de artifício no céu, não haviam brotado lágrimas de felicidade em seu rosto, mas, era um dia único, era um momento especial, era carne e só. A celebração do prazer. O amor viria mais tarde. Entre corpos que arfavam e corações que palpitavam a vida mostrava-se surpreendete de novo, depois de tantos encontros e desencontros. Depois de tantos casos e acasos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Preciosas, semi-preciosas e únicas.



Como um lapidário, a lição mais difícil que Yamê apredera era a de distinguir pedras com valor e sem. Algumas pedras mostravam seu brilho de longe, e, sem precisar de nenhum toque, como se já fossem pré-fabricadas por sei-lá-quem - Deus talvez -, elas já estavam prontas para serem vendidas, usadas, amadas. Outras, mutáveis ao mínimo trabalho, desabrochavam, ganhavam forma. Algumas que eram mais resistentes demandavam carinho, atenção, dedicação e minúcia - mas, no final muitas vezes ficavam as mais deslumbrantes de todo o mercado. Por fim, e agora com o seu coração lapidado, tivera que se acostumar que um número significativo de pedras, porém, não aceitava o toque, não queria ser 'fabricado', e, nunca teria o valor que ela buscava. Não importa o que fizesse, os produtos que usasse, ou, o quão boa ela se considerava, seriam sempre pedras selvagens, brutas: era melhor esquecê-las ou ver a singularidade que nelas existia como um novo tipo de beleza.

quarta-feira, 31 de março de 2010

A alegria de cada manhã...

O extraordinário é tão simples quanto real, basta querer ver.

terça-feira, 23 de março de 2010

No final


Tudo aquilo que sabia não poder superar: o amor, a dor, a vida - e como a vida foi acontecendo.. tão rápida, misteriosa, fugaz. Se surpreendia com o rumo que as águas haviam tomado, tudo estava turvo. E, ainda tinha aquela maldita vontade de vomitar. O enjôo subia pela garganta, entrava na sua cabeça, dominava o seu coração...

domingo, 21 de março de 2010

A foto


Mais uma vez eu escrevo seu nome,
outro minuto se passou.

Na caneca o café esfria,
o telefone mudo em cima da mesa,
meu coração palpitante a espera de você.

Recortes de revista,
Ingressos de cinema,
E uma foto sua...

Pequenas lembranças do nosso frágil amor.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Transformação


Apertado, incômodo, doloroso, inquieto...
Mas, necessário.
Esse amor era o despertar de uma lagarta que virara borboleta.

Era preciso renascer.
E, do rompimento viria a libertação:
leve, rápida, cheia de vida.

Temos dificuldade em perceber,
mas o casulo é o início de um voô.





Só porque hoje é o início de uma!!!

domingo, 14 de março de 2010

A Flor de lis


Se eu pudesse ser simbolizada escolheria uma flor de lis, tanto que fiz questão de gravar na minha pele essa mensagem. Muitos me perguntam o por quê! Aqui vai um pouco do lado racional para essa afeição...

A flor de lis é um simbolo de guerra, e está muito associada a monarquia francesa. É apenas um síbolo, não existe na natureza, e acredita-se que é espelhada nas íris e lírios. Muito usada na navegação e no escotismos, pois aponta sempre para o norte, para cima, para a direção que devemos seguir.

E, agora um devaneio sobre eu-flor_de_lis.

Carnaval

Como uma gota de chocolate
Amanda se derretia em meus braços.
A única flor que brotou no meu jardim!
Depois de tanto mato e tanta erva d'aninha,
ela era minha flor-de-lis.
E somente por ela eu derramei lágrimas de sangue,
Somente por ela eu abdicaria de todo meu viver.

sábado, 13 de março de 2010

É tudo novo...

Bom gente.. resolvi, depois de muita enrolação.. começar esse blog para postar os textos que escrevo... e como sempre.. vamos começar de pé direito.. com um conto que é o meu xodó, e olha que contradição é um conto de despedida. Haha, mas.. enfim... Beijos a todos.


Adeus

Prendeu seus longos cabelos loiros com a velha fita cor-de-rosa, lançou seus olhos verdes e rancorosos através da janela, enquanto aquele que antes dizia ser seu amor, fechou a velha mala que tomara um tom acinzentado durante os anos que ficara guardada no longo armário branco do quarto.
Olhou as flores, os pássaros que por ali voavam cantarolando algumas melodias, olhou os diversos tipos de árvores, a grama que se espalhara por todo o jardim e os animais que por ali vagavam comendo frutas e brincadno na luz do sol. Pensou no ciclo da vida e tentou entender porque as relações que ela avistava da sala, daquela casa que já não snetia masi como sua, pareciam tão inabaláveis.
Fechou vagarosamente a cortina de seda rosa que pertencera a sua avó, virou-se para o quarto, seus olhos esbarraram com o olhar preto e misterioso de Rafael, encararam-se por alguns segundos e não puderam esconder amor que ainda sentiam um pelo outro.
Rafael andou para o banheiro tentando escapar de todas as lembranças que o estavam perseguindo. Fechou a porta, apagou aquela luz incandescente que iluminava seu cabelo cor de fogo, snetou-se em um banco azul de madeira que haviam ganhado de um amigo, abaixou o rosto e secou as lágrimas que escorriam amargas pela sua face. Já havia sido fraco muitas vezes e desistido de partir na última hora. Porém, ele não queria continuar a magoar Camila, já não tinha mais ânimo para aguentar as queixas e brigas. Percebeu quanta felicidade eles desperdiçaram com pequenos conflitos que deveriam ser normais em qualquer relação. Percebeu também que já era tarde demais para pensar em tudo isso.
Levantou-se do banco, lavou o rosto e voltou para o quarto com a tentativa de um sorriso na boca. Pegou sua mala, abraçou Camila. ela tentou beijá-lo, o que tornou as coisas mais difícies. Ele estava tentando se despedir. Soltou-a, e, dessa vez deixou que as lágrimas caíssem. Camila lançou-se no chão escondendo seu rosto. Um adeus, a porta se fechando e uma mulher-menina que prendia o choro: foi tudo o que e]restou no vazio daquela casa.