terça-feira, 20 de julho de 2010

Não!!!!


"Não!" - se libertou de repente. Porque 'não' não era palavra dita, era sentimento criado, vivido. Era energia flutuando no ar, destruindo paredes, rompendo barreiras, acabando com o velho e óbvio. "Não" era tudo o que sentia agora. E, ainda assustada repetiu: "não...", mas dessa vez já liberta, já curada, falou baixinho, sem pressa de nada, quase um sussurro. Repetiu mesmo só para ter certeza de que podia pronunciar tal palavra de novo. Pelo menos uma vez na vida ela iria mostrar quem manda em quem... e num sobressalto - sem nem terminar o raciocínio - ela percebeu que não mandava nele. Ela obedecia, sempre foi assim e para sempre seria. Quando ela parava, ele continuava insistente, teimoso. Mas, se ele parasse, ela teria de parar também. E, quando ela, moleca, queria contrariar - ah! só o tédio a acompanhava. Mas, se decidisse o seguir, dedicada, a felicidade vinha também! 'É verdade' - ela pensou e um sorriso escapou pelo canto da boca. Se percebia escrava, nascera assim. Mas hoje, afirmou para si, hoje ela havia dito um "não". Pelo menos dessa vez seu coração teria de lhe deixar mandar.

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